A vida dá muitas voltas... e ao mesmo tempo parece não sair do lugar. Por mais louco que tudo pareça, acredito que tudo sempre tem um porquê. Ainda lembro da primeira vez que ouvi falar sobre esse tal maravilhoso diário gráfico! :D
Tudo começou muito recentemente, há uns dois meses atrás, quando recebi um e-mail falando sobre a vinda do artista Renato Alarcão para o Ceará, para ministrar uma oficina a respeito do diário. Até então, nunca tinha ouvido falar, nem da oficina, nem do cara, e nem mesmo do tal do diário. O e-mail não me chamou a atenção; estava correndo com mil outras coisas e não vi nada demais naquilo. "Pintar coisas num livro?", pensei, "que tem demais nisso??". Não dei muito crédito. Bom, pelo menos até o momento.
Com a proximidade da oficina, uma pessoa muito especial me chamou para fazê-la, e até pensei "tá bom, por que não?"... mas aí vi que o horário chocava-se com a oficina que eu iria ministrar, de animação experimental (ver alguns posts abaixo) e então desisti, certo que esse negócio de diário gráfico não ia dar certo pra mim. Isso, mais uma vez, era o que eu pensava.
Após fazer a oficina, esta pessoa especial veio super empolgada me contar de como foi, das técnicas utilizadas, de como ficaram as páginas e que tudo (todo o livro, as costuras e imagens todas) era feito do zero, à mão, o que me impressionou muito. Nesse momento me deu uma vontade enorme de ter feito a oficina, e vi que o conceito básico do diário gráfico - retratar idéias que lhe ocorram num certo momento - era na verdade algo que eu já fazia, nos meus eternos bloquinhos rabiscados, só que este feito do zero dá outra visão ao todo. Além do mais, este propõe uma maior proximidade com tintas, materiais e os mais diversos suportes, afim de concretizar esses flashes criativos que aparecem. Soube então que iria ter uma segunda turma da oficina, mas devido a acontecimentos de naturezas diversas, também não pude ir.
Foi então quando aconteceu, na Fanor, uma palestra do Renato Alarcão sobre ilustração, e os seus (fantásticos) diários gráficos estava lá, projetados e enchendo a parede do auditório 2, impressionando enormemente a mim e a todos os demais presentes. Tão interessante quanto os diários eram as histórias de como as páginas eram criadas. Pinturas abstratas em cima de papéis antigos, que por sua vez eram a base de novos e bizarros desenhos que só esperavam um momento para encher os olhos de quem os visse. Saí fascinado da oficina, e ainda conheci o simpático Alarcão, o qual me pareceu incrivelmente calmo para o turbilhão de idéias que devem circular pela sua cabeça. Mas, como alguém poderia dizer, "esses mais calmos são os piores" :P
E aconteceu então, o inesperado. Passados alguns dias, aquela pessoa muito especial me presenteia com um diário gráfico! Novinho em folha, este pequeno livro em branco aguardava ansiosamente os lápis, tintas, colagens, stencils e Deus sabe mais o quê. Foi no dia 1. de maio, e hoje (25 de maio) já tenho o meu querido diário quase todo preenchido, e já estou pra encomendar outros mais.
É algo impressionante, sem precedentes, inexplicável. Parece que o diário emite uma voz que o chama a colocar ali tudo que você sente, como se o desafiasse a sempre ser mais louco, mais experimental, mais ousado e completamente sem restrições. Coisas que antes eu nunca imaginaria, como pegar recortes de frutas e verduras de folhetos de supermercados e desenhar tipografias em cima, ou colar papel-toalha e pintar por cima pinceladas violentas com um pincel sujo de tinta de outros trabalhos, ou mesmo aplicar nele velhos desenhos esquecidos na gaveta e retrabalhá-los... enfim, não tem fim. É absolutamente viciante, e absolutamente recomendado para quem já não sabe onde por todas as idéias que brotam sem cessar da sua cabeça. Quem diria... comecei vendo sobre uma oficina que não me despertou (sabe-se lá por que) interesse imediato, mas termino encantado com as propostas de criatividade sem limites trazidas por Alarcão. Obrigado cara!
Abaixo, uma pequena amostra das páginas deste meu companheiro, pequeno herói de papel. Com menos de um mês de vida, já está "velho de guerra" - não fecha completamente, algumas costuras me parecem estar a ponto de romper e deve estar com o dobro (ou mais) do peso original. Então, vida longa aos diários gráficos e aos artistas que colocam neles seus anseios e imagens do subconsciente!
E Fran, obrigado de coração. Este diário é dedicado a você.
5 comentários:
Vi que você trabalha com estêncil!!! Muito bacana... Já pensou em desenvolver uma intervenção urbana em estêncil?!?
Meu contato é: marcio.tov@gmail.com (e-mail e msn)
Abraço
mas não sou muito MSNênico... melhor tentar o e-mail!!! heheheheh
Poxa Diego!
Eu que agradeço por todo o carinho e dedicação. Obrigada me sinto honrada. ("Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que fez tua rosa tão importante" Antoine Sant-Exupery)
És um grande artista, te admiro muito. ("O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quando o destino."
Antoine de Saint-Exupery)
Com carinho.
Ficou muito lindo, muito mesmo...parabéns Francimone ... vou fazer um pra mim tbm!
Haha!
Muito lindo mesmo. Eu também tenho alguns, aos quais chamava carinhosamente de "diários de viagem", pois os carregava sempre na minha bolsa com o intuito de não deixar escapar nenhuma imagem que me comovesse (inclusive as que se formavam apenas na minha cabeça).
O legal de um diário como esse é que você mesmo pode montá-lo como quiser. Você mesmo pode fabricar os papéis, se quiser fazer reciclado. Pode costurar, botar uma capa que remeta alguma coisa antiga engavetado há tanto tempo... Salvar tudo aquilo que ficou perdido no tempo.
Eu simplesmente ADORO tudo relacionado a memorabilia.
Ficou realmente lindo o resultado. Não pare, não. Ah, e recomendo o seguinte site: http://www.skineart.com/
Aí tem um montão de "diários gráficos". É maravilhosa a sensação de desbravar mundos tão delicados como esses.
Abração,
Carol.
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