Mostrando postagens com marcador Referências. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Referências. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Referência - Dóra Keresztes
Conheci o trabalho desta animadora da Hungria na sempre incrível sessão Galeria, do festival Anima Mundi, em 2011. O trabalho dela que vi na ocasião, o Álommalon, me impressionou muito, o que continua até hoje, dada a sua fluidez, suavidade da animação e a maneira tão livre como o conduz. Aliás, cada trabalho dela tem um perfil distinto, uma abordagem técnica e de direção levemente diferente das dos outros, mas mantém o seu toque distinto. Dora, que como diversos destes grandes animadores também é artista plástica, tem quadros belíssimos como o da imagem acima, na mesma linha de sua obra em animação. Abaixo, compartilho com os amigos uma playlist publicada no Youtube que contém oito trabalhos da húngara. :)
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Referência: "The Subway", de Pierre Hébert
Filme incrível do veterano cineasta de animação canadense Pierre Hébert. Fiquei impressionado com este trabalho desde a primeira vez que o vi, pois lida exatamente com uma das coisas que mais tem me fascinado, que é animar sobre elementos reais. No caso, ele começa transformando em desenhos algumas fotos tiradas no metrô canadense, na década de 80, e partir daí embarca numa viagem visual nas suas impressões sobre o lugar, tudo embalado por um jazz solto e livre como as imagens criadas. O filme é bastante intenso, nos seus quase 15 minutos de duração, mostrando a força das imagens animadas - no caso, na técnica do direto na película - e a unidade que Pierre Hébert conseguiu manter em todo o filme, consagrando mais uma vez uma produção do National Film Board of Canada.
sábado, 28 de dezembro de 2013
Referência: Zbigniew Rybczynski
Conheci esse mestre da manipulação da imagem nas aulas na Escola de Audiovisual, aqui em Fortaleza, e de cara já me impressionei muito com seus trabalhos. Zbig - para os íntimos - é um realizador polonês que experimenta pra valer, e embora eu reconheça que conheço quase que apenas o seu trabalho dos anos 70 aos 90, o que eu vi me marca um bocado, tamanho o leque de possibilidades que ele explora, e os resultados que conseguiu em cada trabalho. A animação em si, isto é, o trabalho com imagens quadro a quadro é "apenas" uma das vertentes que ele trabalha, mesclando ainda live-action, computação gráfica, composição digital desde tempos que nem se falava muito sobre isso. Abaixo, uma pequena amostra de alguns dos principais trabalho do homem:
(ordem dos trabalhos:)
- KWADRAT (Square) - 35mm short film, 4:40, PWSTiF Lodz, Poland
- TAKE FIVE - 35mm short film, 3:36, PWSTiF Lodz, Poland
- NOWA KSIAZKA (New Book) - 35mm short film, 10:26, SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
- ZUPA (Soup) - 35mm short film, 8:22, SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
- MEDIA - 35mm short film, 1:36, SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
- OJ! NIE MOGE SIE ZATRZYMACI! (Oh, I Can't Stop!) - 35mm short film, 10:07,
SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
- MEIN FENSTER (My Window) - 35mm short film, 2:26, Vienna
- SWIETO (Holiday) - 35mm short film, 9:38, SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
- TANGO - 35mm short film, 8:14, SMFF Se-Ma-For Lodz, Poland
Alguns dos meus favoritos:
Tango é uma colagem incrível de pequenos 'movimentos' - na falta de termo melhor -, compostos numa única cena. A complexidade e elaboração necessárias para se fazer algo do tipo numa era pré-composição digital é algo que quase me dá mal estar só de se pensar. Não sei exatamente como o filho da mãe fez, mas certamente foi algo próximo à colagem quase frame a frame de cada personagem, em sincronia perfeita com todo o restante. É o tipo de animação, ao meu humilde ver, ideal: tão interessante de se ver que sempre se nota algo novo; um filme que nunca se repete, sempre surpreende.
Oh, I Can't Stop! é um pixilation e time lapse ao contrário: ao invés das pessoas se mexerem em relação à câmera - que normalmente é parada nas técnicas que citei -, é a câmera que se mexe, simulando algo como um monstro que passa por uma cidade da Polônia e consome tudo em seu caminho. Assim como o Tango, irresistível de se assistir, hipnotizante.
Filmes como esses (de realizadores que realmente acreditam no que fazem) nos trazem, acredito, algo que bom quando assistimos, quase - aliás, quase não, com certeza - nos colocando em contato direto com suas mentes. Sempre me sinto dialogando com eles, como que trocando ideias, sobretudo ao decorrer dos anos, conforme cresço e - espero eu - me desenvolvo e também o meu trabalho, e os filmes parecem reforçar ideias, falar coisas novas; ao mesmo tempo que se mantém clássicos pessoais, se renovam. E vamos em frente.
sábado, 29 de junho de 2013
Referência - Photograph of Jesus
A primeira vez que vi este filme foi no MUMIA - Mostra Udigrudi Mundial de Animação, em Belo Horizonte, na edição de 2010. Fiquei impressionado desde o primeiro momento, tanto pelo tom documental, pelas cômicas histórias retratadas e claro pela abordagem tão interessante da animação, que mistura recortes reais com digitais, stop motion, pixilation e todas essas imagens de arquivo da Hulton Collection / Getty Images, que patrocinaram (ou encomendaram, talvez) o filme. Muito bem realizado, um destes trabalhos que dá gosto de ver e inspira. E agora o reencontrei, nas buscas por referências para um projeto em andamento, que tem tudo a ver. E vamos em frente! :)
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Referência: videoclipe "Jimmy's Gang"
Tudo neste trabalho é incrível. Desde o primeiro momento que meu irmão Denis me mostrou, fiquei impressionado. Música incrível do DJ austríaco Parov Stelar, animação sensacional e precisa e uma montagem muuuuito esperta. Tudo encaixa super bem, e é um destes poucos resultados em videoclipe hoje que tudo parece encaixar perfeitamente. Quase não dá pra saber quem veio primeiro, a música ou as imagens.
Em termos técnicos, a animação, que foi feita pelos talentosos animadores alemães Alexandra Kardinar e Volker Schlecht (quem compõe o estúdio Drushba Pankow) mostra de forma notória que foram utilizados relativamente poucos planos para um clipe de quase três minutos e meio, mas é justamente isso que dá o tom. As animações são belamente construídas, uma mistura de rotoscopias com animações livres em full animation, todas com traço bem solto e cores incríveis. Através da repetição destas animações riquíssimas - que não cansamos de ver repetidas - que ao mesmo tempo não se repetem pois sempre mudam a velocidade, cores, efeitos e a maneira como se relacionam no ritmo da música, temos um trabalho extremamente envolvente. Mesmo os ciclos de animação, que estão várias vezes "quebrados", isto é, sem uma continuidade precisa (o que seria um problema gravíssimo pra muitos animadores e trabalhos), aqui só adicionam ainda mais charme e personalidade ao conjunto. Como disse certa vez o cineasta francês François Truffaut, "Um filme respira pelos seus defeitos". Falou e disse.
E só pra fechar, enquanto escrevo esta postagem e pesquiso sobre os animadores, acabo de ver que na verdade esta animação já é a terceira versão em videoclipe; a primeira versão não está disponível online, mas a segunda, a qual a música foi feita especialmente para as imagens, está online no Vimeo do Drushba Pankow, e segue abaixo. Bacana ver que as animações do clipe acima na verdade eram então bem maiores, e neste vídeo estão em ainda melhor qualidade. Vale assistir. E vamos em frente :)
E vamos em frente!
domingo, 28 de abril de 2013
Trucas e técnicas de animação - dicas de Caroline Leaf
Convido os amigos que se interessarem em técnicas de animação realizadas na truca a visitar o site da grande animadora Caroline Leaf, na seção em que ela mostra diversos setups que podem ajudar / inspirar / motivar ou mesmo dar bases para quem quer montar sua própria estrutura.
Caroline é um dos maiores nomes da animação mundial, uma referência absoluta para quem quer conhecer mais a fundo técnica de animação sob a câmera. As técnicas de maestria dela são tinta sobre vidro, areia e animação direto na película. Breve farei uma postagem sobre ela mais a fundo. E agora em maio, espero conhecê-la pessoalmente no Chile, durante o festival Chilemonos. Vamos em frente!
[As imagens foram retiradas do próprio site da autora, para ilustrar :) ]
Marcadores:
Animação Canadense,
Animação Experimental,
Aulinhas de animação,
Cinema de Animação,
Mestres,
NFB,
Processo de criação,
Referências,
Sites e blogs bacanas,
Stop motion,
Trucas
domingo, 31 de março de 2013
Referência - Laurent Coderre
Dando uma olhada como sempre no excelente livro The Animation Book, encontro uma menção a Laurent Coderre, que ainda não conhecia. Ele, como vários outros gênios da animação mais livre, trabalhava no National Film Board of Canada, e tem produções incríveis, animando diversos materiais. O livro mostra a imagem acima e fala sobre ele no trecho sobre animar diversos materias sob a câmera, e a legenda da imagem era exatamente essa:
"O canadense Laurent Coderre é mostrado trabalhando com pequenas lascas de madeira no seu filme Zikkaron. Veja a simplicidade da estrutura: uma câmera fixa presa acima de uma folha preta fosca."
Me identifico demais com filmes animados tradicionalmente sobre trucas com diversos materiais sobre fundo preto. Pode parecer algo ultra-específico e raro, mas acredite, se você ainda não viu muitos assim, existem demais, é quase uma escola, ou uma linha de trabalho. Apesar de na maioria das vezes eu detestar rótulos e categorias, esta seria uma que eu faria parte com prazer. Mas, enfim, voltando ao Laurent; fiquei muito curioso sobre este seu filme e - nada como os dias de hoje! - ele está disponível para assistir no site do NFB. Assista e veja o que acha:
Incrível não é? Não sei o que é mais impressionante: a fantástica maneira como consegue contar tanto de maneira tão livre e sem as amarras de sempre dos roteiros de sempre, ou impecável animação (tudo flui de forma maravilhosamente linda, extremamente precisa e nada sai do lugar por acaso) ou como ele conseguiu fazer tudo isso junto, há mais de quarenta anos atrás. Quanto mais animo hoje - com câmeras digitais, programas avançadíssimos de captura frame a frame, softwares de correção de cor e edicão, o escambau - mais vejo o quanto esses caras são heróis. Sem as referências deles mesmos pra seguir (ao contrário de nós), com todas as limitações técnicas da época em todos aspectos, apenas seguiam cegamente seus instintos em frente e criavam essas pérolas. O convido a se deleitar comigo em mais algumas obras fantásticas de Mr. Coderre. Em frente! :D
sexta-feira, 29 de março de 2013
Rotoscopia - algumas referências
Nas minhas pesquisas sobre rotoscopia, encontrei algumas pequenas pérolas contemporâneas que utilizam a animação sobre imagens reais muito bem. Segue abaixo umas destas, entre mistura de coisas que encontrei e indicações de amigos e colegas.
12 minutes of love: animação em rotoscopia do jeito que eu gosto - você não sabe onde termina a parte filmada e começa a animação. Fusões, pinturas e edição de primeiríssimo nível.
The ten basic rules of film noir: Ah, se toda vinheta de TV fosse como esta...
PAS BEAU: Uso muito criativo - até cômico - da animação sobre imagens de um filme (no caso, nosferatu, filme hoje de uso livre)
The Nest - Trailer: Imagens animadas incríveis para este filme que é parte animação e parte ação ao vivo. Forte, arrebatador e tecnicamente excelente.
12 minutes of love: animação em rotoscopia do jeito que eu gosto - você não sabe onde termina a parte filmada e começa a animação. Fusões, pinturas e edição de primeiríssimo nível.
The ten basic rules of film noir: Ah, se toda vinheta de TV fosse como esta...
PAS BEAU: Uso muito criativo - até cômico - da animação sobre imagens de um filme (no caso, nosferatu, filme hoje de uso livre)
The Nest - Trailer: Imagens animadas incríveis para este filme que é parte animação e parte ação ao vivo. Forte, arrebatador e tecnicamente excelente.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Documentário - Alter Egos
Quase por acaso, no site do National Film Board of Canada encontro este incrível documentário sobre Ryan Larkin e Chris Landreth, dois animadores canadenses de gerações bem distintas, mas que aproximaram-se sensivelmente por conta do filme Ryan, feito pelo Chris, um documentário animado sobre o próprio Ryan.
Alter Egos é sobre os dois cineastas, suas visões, um pouco de como foi fazer o filme Ryan e todo o contexto vivido sobretudo pelo próprio Ryan Larkin, no ponto de vista de diversas pessoas do National Film Board, além da visão do próprio Ryan sobre si mesmo. Mais uma pérola que descubro nas noites insones assistindo filmes antes de dormir.
Recomendo demais assistir primeiro o filme Ryan - neste link -, e se possível inteirar-se mais do contexto do Ryan Larkin, assistindo seus filmes e tudo, e talvez uma breve pesquisa sobre ele no google, para quem não conhece, para assim poder desfrutar na íntegra deste delicioso e riquíssimo filme.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Referência - Joseph Pierce
Um dos filmes mais loucos que vi nos últimos tempos, The Pub, acima, é do animador inglês Joseph Pierce. Confesso que nada sei ainda sobre ele, além do incrível trabalho que tem, nessa mistura de rotoscopia e animação livre 2D louquíssima, mas já se torna uma referência. Conseguir retratar personalidade, estados de espíritos, fazer crítica social como neste trabalho, neste estilo tão forte e agressivo até, é incrível. Vi este trabalho em alguns festivais ano passado, e é difícil esquecer. Ele foi um dos premiados também no ANIMAGE 2012, e não é pra menos. Este com certeza deve ser um destes caras, animadores malucos como a gente, que encontramos por aí e com certeza dá pra trocar umas ideias bem legais.
Ele disponibilizou o The Pub só há três dias atrás, e já não era sem tempo. Cada dia mais vejo mais gente de peso como ele colocando seus trabalhos online e dividindo com um público que não se compara a qualquer festival. Na verdade, vejo mais e mais que não vale ficar "escondendo" os trabalhos, não postando nada. Afinal, temos medo de quê? Tantos são os trabalhos - muitos deles obras primas - que chegam até nós assim, por que não compartilhar de volta com o resto do mundo um pouco do que recebemos? Ah, pra ser bem sincero, detesto esse negócio de ineditismo, de não colocar as coisas na net com "medo" de não entrar nos festivais, de não sei o que mais. Respeito os muitos colegas que assim preferem, mas, pra mim, sei que o meu caminho é esse: compartilhar trabalhos e dividir o pouco que sei com o máximo de pessoas possível, seja como for. É a sensação mais gratificante que se pode ter, acho eu. Melhor que prêmio, melhor que tapinha na costas, melhor que sorrisinho amarelo, é a sensação de que estamos fazendo algo de bom pra alguém, que o nosso trabalho pode ajudar a construir algo, que pode inspirar alguém a produzir, a criar, a fazer algo bacana. Esse é o melhor pagamento que posso imaginar receber.
O que era pra ser uma postagem sobre uma referência acabou virando (mais um) quase desabafo. Ah, paciência. Deu pra pegar o espírito, né? :)
Voltando ao Joseph Pierce, no canal dele no Vimeo tem mais coisas incríveis como os Stand Up e A Family Portrait:
E aqui neste link uma entrevista com o Joseph, que ainda não li também, mas que o farei já já.
E é isso, vamos em frente! ;)
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Referência - Documentário animado e Michaela Pavlátová
Um dos trabalhos mais interessantes que vi nos últimos tempos, este documentário animado da realizadora e animadora tcheca Michaela Pavlátová é algo realmente único. A maneira íntima e sincera como ela mostra o seu mundo, a condução ao mesmo tempo delicada, direta e forte, na maneira como tudo é retratado, a animação simples mas precisa e eficaz, misturando diversas técnicas.... realmente, um exemplo de como fazer um filme. Mostra bem o sentimento por trás, aquilo que é anterior à animação, anterior ao processo de fazer o filme, aquela coisa que temos dentro que é o que nos leva, consequentemente, a criar. Mais do que nunca, quero me meter também nos pequenos documentários animados. Vamos ver o que sai. :)
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Referência: Sledgehammer
Não canso de assistir este videoclip do Peter Gabriel. Além da música ser incrível, o videoclip é inteiramente animado, e não apenas isso, mas conta com uma animação de primeiríssima linha, stop motion e pixilation conduzidos de forma genial.
Esta versão, além de restaurada, conta com os créditos completos de produção, algo raríssimo para este tipo de trabalho, e nele podemos ver nomes como Peter Lord e Nick Park, da Aardman, e dos Brothers Quay, que trabalharam como animadores. Fico imaginando esses caras inventando mil coisas na hora, tendo ideias e fazendo a coisa acontecer de forma incrível, tudo em cima do pobre Peter Gabriel, que reza a lenda é um cara super aberto a essas experimentações pros seus trabalhos.
Sou super suspeito pra falar das técnicas deste filme, pois o considero umas das minhas maiores referências. Boa parte da animação foi feita da forma table top, isto é, na truca - a câmera fica alta, apontada para baixo e na superfície plana da "mesa", onde a câmera está apontada, a ação acontece. Animaram de tudo: brinquedos, desenhos à giz, massa de modelar como tinta, objetos simples, frutas, verduras, peixes, frangos, cadeiras, escadas, mesas, televisores, além do próprio Peter Gabriel e mais dezenas de figurantes nessa salada animada incrível. Pra mim, essa é a essência da animação: o controle do caos. Ao mesmo tempo que mostramos a essência da vida, essa multiplicidade, a 'organizamos' e transformamos em arte, sublimamos, processamos e transformamos em algo belo, em algo interessante de se ver e que, de alguma forma, modifica algo que temos dentro, nos tornando melhores.
Detesto dar essa de saudosista mas, ainda mais do que ficar triste por não se fazerem mais materiais assim, me pergunto; porque não?? Essa ousadia, inventividade artística e qualidade técnica incrível, e ainda por cima feita há quase trinta anos atrás, numa era pré-digital, é muitíssimo melhor do que a maioria das coisas feitas hoje. Aliás, não só é, como continua. Hoje temos uma infinidade de recursos e possibilidades, mas praticamente ninguém os explora como poderia. Fica a minha empolgação ao ver e rever e rever e rever este material (que já vi seguramente centenas de vezes), a chateação por não termos mais quase nada nesse nível e a vontade de fazer meus trabalhos melhores e melhores com toda essa inspiração. Vamos em frente!
Marcadores:
Animação Inglesa,
Inquietações,
Música,
Pequenas e saudáveis invejas,
Referências,
Reflexões,
Stop motion,
Técnicas de animação,
Trucas
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Referência - Chris Casady
E quando achamos que já vimos de tudo - ou pelo menos um bom bocado de coisas, eis que sempre podemos nos surpreender um bocado mais. Acho que nunca tinha ouvido falar sobre o Chris Casady, e ao mesmo tempo o nome parece familiar... seja como for, ainda não tinha visto impressionantíssimo (existe isso?) trabalho, de 1989. Fiquei de boca aberta do começo ao fim, realmente é algo que alguém se esmerou e muito pra fazer. Timing perfeito, fluidez inacreditável e uma energia que não vejo muito por aí. Ainda não sei nada sobre Chris (ou melhor, quase nada; nunca rápida busca no google vi que trabalha com efeitos visuais, não é pra menos..), e me divirto tentando visualizar as artimanhas animadas que ele fez neste trabalho (nos comentários deste vídeo no youtube o próprio Chris comenta alguns dos processos) - mas seja como for, é um deleite, que agora compartilho, e já vai direto pras referências.
E um detalhezinho no final mostra algo quase óbvio: nos créditos vemos que ele fez dedicado a Elfriede Fischinger - esposa de Oskar Fischinger, um dos pilares da animação experimental mundial. Percebemos claramente a influência, e ao mesmo tempo Chris dá o seu toque especial à mistura. Literalmente, massa. :D
sábado, 1 de setembro de 2012
As últimas de Jeff Scher
E eis que estou "de bobeira" no Vimeo quando me deparo com a conta do Jeff Scher. Ora, não sabia que o homem tem uma conta lá!
Jeff é uma das minhas principais referências, e é um dos caras em atividade hoje na animação experimental mundial que mais admiro. Quem se interessar, aqui no blog tem um marcador com o nome dele, que tem todas as postagens que fiz a seu respeito. Vamos ver agora algumas pequenas pérolas que separei dos seus vídeos lá.
Este primeiro foi feito em grande parte com a minha querida técnica da pintura-no-tempo, mas com o toque da aquarela mágica do Jeff se transforma em algo que só ele poderia fazer.
Matchstick from jeff scher on Vimeo.
Este segundo, assim como o primeiro, é um videoclipe, e é sempre bacana ver como ele cria de forma tão livre em cima das músicas. Técnicas das mais variadas, e constante e notório esse toque pessoal e artesanal que ele sempre imprime.
blood keys from jeff scher on Vimeo.
Segue com esta super ousada vinheta para TV para um Festival de Cinema. No dia que fizermos vinhetas assim pra TV por aqui e tivermos 100% de sinal verde de quem encomendou (como deveria ser sempre), é por que algo mudou... Acho que isso é realmente dar a visão do artista ao trabalho, isto é, confiar a ele para deixa-lo fazer da maneira que quiser. Afinal de contas - sempre penso eu - se nos chamam para fazer um trabalho, deveriam confiar na maneira como o conduzimos. Senão, para quê nos chamar?
Detalhe para a maneira como as cartelas dos patrocinadores foram dispostas, além da duração das mesmas. É Jeff, tem que me ensinar essas manhas aí cara! :P
50th ANN ARBOR FILM FESTIVAL TV spot; 30 from jeff scher on Vimeo.
E legal também que a inquietação artística dele não fica só na animação... gosto muito dos seus experimentos em vídeo ao vivo (ou live-action), que embora não sejam feitos frame a frame, como a definição de animação diz, são marcados pela manipulação intensa das imagens, criatividade na montagem e grande poder visual do resultado final - características típicas dos grandes filmes animados.
Summer Sketches from jeff scher on Vimeo.
Palm Reading from jeff scher on Vimeo.
Para quem se interessar então, na página do Jeff no Vimeo tem mais alguns vídeos, e vale a pena ver o texto da descrição de cada um, em que ele conta um pouco da ideia e processos por trás de cada trabalho. Em frente Jeff! :D
sexta-feira, 15 de junho de 2012
O real espírito de um animador
Há algumas semanas um vídeo me chamou a atenção no youtube. A pequena imagem que aparecia num canto, como vídeo promovido, era a que vemos abaixo; vários doces formando uma forma aparentemente animada que interagia com uma pessoa - uma animação em stop motion, como já dizia no título. Achei interessante e fui assistir.
Confesso que, sinceramente, fiquei meio decepcionado depois de ver. Inúmeras - e gritantes - variações de luz, mudanças bruscas o tempo todo no enquadramento, mudanças no formato das fotos também o tempo todo, e a animação em si, pra falar a verdade, achei muito da fraquinha. Não era possível que uma empresa como essa das balas contratasse alguém que não fizesse a coisa do jeito que deveria ser, como tantas coisas fantásticas nessa linha que vemos por aí. Ainda por cima, não conseguia entender como esse vídeo ainda conseguiu mais de trezentas mil visualizações sendo tão - achava eu - sem graça e tecnicamente fraco, aliás, fraquíssimo. Mas logo logo eu teria que engolir os meus próprios pensamentos quando assistisse, pouco depois, ao vídeo de bastidores do tal comercial:
Fiquei - e ainda estou - de boca aberta. A menina que aparece então no comercial não é uma modelozinha só pra constar - ela é a própria diretora, operadora de câmera, animadora e ainda aparece no filme!! Quantos filmes de animação você já viu que uma pessoa fez sozinha? Certamente vários, talvez muitos. Mas, quantos viu em que a pessoa que faz todas as funções ainda por cima aparece no filme como neste, tendo feito absolutamente tudo sozinha? Eu não me lembro agora de nenhum. Um pobre coitado de um faz-tudo "padrão", se não chama alguém para aparecer, aparece mas pelo menos tem um assistente ou pelo menos um amigo, irmão ou namorada pra acionar a câmera, sem os quais a solução é então não aparecer ou aparecer apenas uma mão sua, por exemplo. Mas a mocinha aí claramente pensou diferente e, na minha humilde visão, leva - assim como o fizeram todos os pioneiros e visionários de tantas áreas - todo o meio, todo o cinema de animação mundial um passo adiante. As precariedades técnicas que eu ingenuamente valorizei tanto se tornam ridículas perto da determinação dela em fazer o que queria, da maneira dela.
Como então que respondendo essas minhas teimosias idiotas em questionar o pouco domínio técnico dela até aí, ela mais recentemente fez outro trabalho, um comercial de maquiagens, tecnicamente superior, tanto fotograficamente como na animação. Mesmo esquema: ela mesmo se fotografava. Ela é tão insanamente genial que nem quis saber se a mão dela aparecia em cena com o disparador da câmera, apenas fez do jeito que imaginava e pronto. Impressione-se como eu vendo abaixo o comercial e os bastidores, no mesmo vídeo:
Mais impressionante ainda. Não tem estúdio? Crie o seu, oras! Use sua própria cama, monte um tripé em cima de pilhas de livros pesadões, ponha todos os elementos que vai usar em volta de você e tchau! Nessas horas tenho vontade de esganar aquelas pessoas nhé nhé nhé que vem dizer "Ah, queria fazer animação mas é muito difícil!... Não tenho equipamento, não tenho equipe, não tenho os materiais, é tudo caro, é tudo complicado... "...Tá certo. Enquanto uns reclamam, outros fazem. E assim caminha a humanidade.
Talvez essa moça não conheça os grandes realizadores do cinema de animação experimental, os pioneiros como Norman McLaren e Oscar Fischinger que trazem a tradição do One Man's Show pra animação, mas tenho certeza de que, conhecendo ou não, ela de fato leva o caminhar da área para novos rumos. Ela mesma se torna uma pioneira fazendo - exatamente como o McLaren e o Fischinger - as coisas da maneira dela e pronto. Faz naturalmente algo que é ainda mais complexo e específico do que muita coisa já consolidada. Não há escola, livro ou outra pessoa que ensine isso a alguém - isso surge em você, se molda nas suas aspirações, desejos e impulsos criativos e, quando você vê, já está fazendo. Ela tem sozinha mais determinação em fazer o seu pequeno filme do que muitas equipes inteiras que fazem trabalhos mega complexos e tecnicamente impecáveis por aí, mas que não têm um pingo de alma, um mínimo de sinceridade - coisa que ela tem, notoriamente, aos montes. O que ela sabe, ela faz e aprimora, o que não sabe, aprende na hora e faz. Simples assim.
E é aí que, mais uma vez, aprendo uma lição que achava já saber: não há limites para quem quer fazer algo. Não para quem pensa em fazer, mas para quem quer fazer. E quem quer fazer algo mesmo nem pensa sobre isso, apenas faz e pronto. Se o trabalho vai ficar bom aos olhos dos outros ou não, é outra história, mas com certeza a coisa tende a ficar melhor e melhor enquanto se faz - tecnicamente melhor, artisticamente fundamentado, instinto mais e mais aguçado e, consequentemente, o reconhecimento e apreciação dos que lhe rodeiam aumenta para mais e melhor. Sempre que alguém vem me perguntar o que se precisa para ser um animador, penso comigo mesmo na hora: "É mesmo né... o que é que se precisa?". Não sei responder. Acho sinceramente que nunca parei pra pensar nisso, e espero, como a nossa amiga acima, nunca parar pra pensar. O negócio é fazer, é ser sincero e meter as caras, botar a mão na massa que as coisas tomarão o seu próprio rumo e corpo ao materializar nossos maiores sonhos, conscientes e inconscientes, e nossa sinceridade ainda atrairá outros pelo caminho, que levarão o meio ainda mais longe. Em frente.
Confesso que, sinceramente, fiquei meio decepcionado depois de ver. Inúmeras - e gritantes - variações de luz, mudanças bruscas o tempo todo no enquadramento, mudanças no formato das fotos também o tempo todo, e a animação em si, pra falar a verdade, achei muito da fraquinha. Não era possível que uma empresa como essa das balas contratasse alguém que não fizesse a coisa do jeito que deveria ser, como tantas coisas fantásticas nessa linha que vemos por aí. Ainda por cima, não conseguia entender como esse vídeo ainda conseguiu mais de trezentas mil visualizações sendo tão - achava eu - sem graça e tecnicamente fraco, aliás, fraquíssimo. Mas logo logo eu teria que engolir os meus próprios pensamentos quando assistisse, pouco depois, ao vídeo de bastidores do tal comercial:
Fiquei - e ainda estou - de boca aberta. A menina que aparece então no comercial não é uma modelozinha só pra constar - ela é a própria diretora, operadora de câmera, animadora e ainda aparece no filme!! Quantos filmes de animação você já viu que uma pessoa fez sozinha? Certamente vários, talvez muitos. Mas, quantos viu em que a pessoa que faz todas as funções ainda por cima aparece no filme como neste, tendo feito absolutamente tudo sozinha? Eu não me lembro agora de nenhum. Um pobre coitado de um faz-tudo "padrão", se não chama alguém para aparecer, aparece mas pelo menos tem um assistente ou pelo menos um amigo, irmão ou namorada pra acionar a câmera, sem os quais a solução é então não aparecer ou aparecer apenas uma mão sua, por exemplo. Mas a mocinha aí claramente pensou diferente e, na minha humilde visão, leva - assim como o fizeram todos os pioneiros e visionários de tantas áreas - todo o meio, todo o cinema de animação mundial um passo adiante. As precariedades técnicas que eu ingenuamente valorizei tanto se tornam ridículas perto da determinação dela em fazer o que queria, da maneira dela.
Como então que respondendo essas minhas teimosias idiotas em questionar o pouco domínio técnico dela até aí, ela mais recentemente fez outro trabalho, um comercial de maquiagens, tecnicamente superior, tanto fotograficamente como na animação. Mesmo esquema: ela mesmo se fotografava. Ela é tão insanamente genial que nem quis saber se a mão dela aparecia em cena com o disparador da câmera, apenas fez do jeito que imaginava e pronto. Impressione-se como eu vendo abaixo o comercial e os bastidores, no mesmo vídeo:
Mais impressionante ainda. Não tem estúdio? Crie o seu, oras! Use sua própria cama, monte um tripé em cima de pilhas de livros pesadões, ponha todos os elementos que vai usar em volta de você e tchau! Nessas horas tenho vontade de esganar aquelas pessoas nhé nhé nhé que vem dizer "Ah, queria fazer animação mas é muito difícil!... Não tenho equipamento, não tenho equipe, não tenho os materiais, é tudo caro, é tudo complicado... "...Tá certo. Enquanto uns reclamam, outros fazem. E assim caminha a humanidade.
Talvez essa moça não conheça os grandes realizadores do cinema de animação experimental, os pioneiros como Norman McLaren e Oscar Fischinger que trazem a tradição do One Man's Show pra animação, mas tenho certeza de que, conhecendo ou não, ela de fato leva o caminhar da área para novos rumos. Ela mesma se torna uma pioneira fazendo - exatamente como o McLaren e o Fischinger - as coisas da maneira dela e pronto. Faz naturalmente algo que é ainda mais complexo e específico do que muita coisa já consolidada. Não há escola, livro ou outra pessoa que ensine isso a alguém - isso surge em você, se molda nas suas aspirações, desejos e impulsos criativos e, quando você vê, já está fazendo. Ela tem sozinha mais determinação em fazer o seu pequeno filme do que muitas equipes inteiras que fazem trabalhos mega complexos e tecnicamente impecáveis por aí, mas que não têm um pingo de alma, um mínimo de sinceridade - coisa que ela tem, notoriamente, aos montes. O que ela sabe, ela faz e aprimora, o que não sabe, aprende na hora e faz. Simples assim.
E é aí que, mais uma vez, aprendo uma lição que achava já saber: não há limites para quem quer fazer algo. Não para quem pensa em fazer, mas para quem quer fazer. E quem quer fazer algo mesmo nem pensa sobre isso, apenas faz e pronto. Se o trabalho vai ficar bom aos olhos dos outros ou não, é outra história, mas com certeza a coisa tende a ficar melhor e melhor enquanto se faz - tecnicamente melhor, artisticamente fundamentado, instinto mais e mais aguçado e, consequentemente, o reconhecimento e apreciação dos que lhe rodeiam aumenta para mais e melhor. Sempre que alguém vem me perguntar o que se precisa para ser um animador, penso comigo mesmo na hora: "É mesmo né... o que é que se precisa?". Não sei responder. Acho sinceramente que nunca parei pra pensar nisso, e espero, como a nossa amiga acima, nunca parar pra pensar. O negócio é fazer, é ser sincero e meter as caras, botar a mão na massa que as coisas tomarão o seu próprio rumo e corpo ao materializar nossos maiores sonhos, conscientes e inconscientes, e nossa sinceridade ainda atrairá outros pelo caminho, que levarão o meio ainda mais longe. Em frente.
domingo, 27 de maio de 2012
Entrevista - Voyeur Gráfico
Compartilho com os amigos uma entrevista que dei ao sensacional site Voyeur Gráfico, sobre as minhas fotografias. Segue o link:
Conduzido pelo articulador das artes (e também inquieto) Wendel Alves e talentosa equipe, o Voyeur é um site que mostra um pouco do que está sendo feito no mundo inteiro em termos criativos - artes plásticas, ilustração, cinema, música, fotografia, moda, games -, e foca bastante nos talentos daqui do Ceará, que cada dia mais se mostra um celeiro de talentos visuais de primeira ordem.
O Voyeur já existe há mais tempo como página no Facebook, e embora o site tenha sido inaugurado recentemente, diversos grandes nomes locais - e amigos - já passaram por lá, como Dimitri Bastos, Marcelo Müz, Galber Rocha, Ramon Cavalcante, e vários outros. Pela primeira vez me vi como parte de algo, isto é, no sentido de fazer parte de uma geração de artistas, de pessoas de uma determinada época que pensam criativamente e se dedicam de coração àquilo que fazem. Assim, é uma honra e orgulho figurar no site e perceber que, além de não estarmos sozinhos, fazemos parte de algo maior, de um momento único na história da criação artística, tanto de forma local como nacional e até mundial.
Também nos faz pensar como o tempo passa e vermos que tudo faz a diferença, tudo que investimos, tudo o que nos esforçamos para realizar, e nada dá maior sensação de realização do que ver que o que nos emociona também emociona a outros, e assim por diante. Como já coloquei em outras postagens, isso pra mim é o melhor que posso receber em troca, o melhor "pagamento": saber que o nosso trabalho contagiou alguém, motivou alguém a fazer algo bom, inspirou, instigou, empolgou, fez alguém querer entrar na área, querer criar também.... puxa. Pra mim, isso é a melhor coisa que pode acontecer.
Vida longa ao Voyeur e a nova geração de artistas! :D
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Música: Underscore Orkestra e o Creative Commons
Abro uma nova linha aqui no blog, falando um pouco de música - uma de minhas grandes paixões - e como a relaciono com tudo o que faço. Então, não conseguir pensar neste momento em nada melhor do que falar da sensacional banda Underscore Orkestra, cujas músicas compartilho acima - todas podem ser ouvidas, baixadas, compartilhadas livremente e até utilizadas em trabalhos derivados (tudo sem fins lucrativos, claro), pois detém esta licença no CC - Creative Commons, e este é um dos motivos pelo qual falo delas.
Conheci o genial trabalho deste pessoal procurando por músicas de uso livre, para poder utilizar nos meus filmes. Encontrei esse álbum completo deles no Free Music Archive, site muito bacana por sinal. Assim que vi, achei interessante e fui ouvindo-as. Qual não foi minha agradável surpresa - um estilo louco e alucinado dos Balcãs que é meio jazz, big band de swing, rock, pop, folk e mais um bocado de coisas que se puder imaginar, tudo com esse tempero do leste europeu . Simplesmente fantástico, os caras tem uma energia que não vemos muito por aí. Desde que baixei, há mais de um ano, não canso de ouvir, repetidamente.
O próximo passo: fazer então meus curtas utilizando essas músicas. Vou contatar a banda no site deles para ver se dá mesmo pra usar as músicas em filmes como pretendo, mas até onde vi, elas podem ser realmente reutilizadas, remixadas, refeitas e tudo mais, mas com duas condições: desde que o trabalho derivado seja identificado como feito a partir do trabalho deles (com os links deles e tudo) e - esta é a melhor parte - desde que o trabalho final seja compartilhado com licença similar ou igual à do trabalho de origem. Resumindo: se eu quiser fazer um filme utilizando as músicas deles na trilha, o meu filme terá de ser compartilhado de forma que seja livre o uso para qualquer pessoa reutiliza-lo, remixa-lo, invertê-lo, usar trechos e tudo mais - desde que me dê o crédito como criador da obra de origem. E por aí vai. Massa, não?
A primeira vez que vi esta licença me senti esquisito, e quase desisti da ideia de usar a música deles. "Deixar meu filme ser reutilizado por qualquer um?? Tá louco??", pensei na hora. Tenho certeza que a maioria dos meus colegas de profissão - senão praticamente todos - dificilmente fariam um filme nestas condições. Mas, ouvindo direto as músicas, passei meses e meses pensando, e a cada momento mais me perguntava "Ué, por que não?". Ah, eu adoraria usar trechos de filmes de cineastas que gosto dentro dos meus trabalhos, se pudesse. Se eu conseguir um dia conseguir fazer um trabalho que toque alguém, que faça alguém se emocionar como eu me emociono com as minhas referências, por que diabos ser tão conservador? Já tinha decidido há mais tempo fazer o máximo de trabalhos em CC, só que só liberando para baixar e distribuir, e vejo agora que liberar um trabalho para reuso é o próximo passo lógico. Sei que não há nada mais clichê do que a frase "Desta vida não levamos nada", mas não consigo pensar numa razão pela qual não liberaria um trabalho cuja genial música só foi possível graças ao "desapego" (muito positivo!) dos músicos da Underscore Orkestra. A ideia de fazer estes filmes parte da música compartilhada dessa forma, então, por que não nos "rendermos" à liberdade de uso de obras artísticas como um todo? Todos adoram baixar filmes gratuitamente, então viva ao CC, que legitima isso e permite ainda mais.
Vejo então que quando mais algo mexe com a gente - conosco, artistas - mais devemos ir atrás desse algo, mas devemos utiliza-lo a nosso favor - não como inimigo, mas como parceiro, como uma máquina que nos transportará à tempos ainda melhores e mais justos, à realizações artísticas impensáveis no nosso mundinho, na nossa "zona de conforto" artística da qual ficamos tão dependentes. Arte, pra mim, é isso: risco, medo, teste, rascunho, tentativa e erro. Um grande e poderoso "E se...". Se isso tocar o outro, o fizer pensar, agir e seguir adiante emocionando pessoas, as fazendo melhores, as incentivando, levando-as a dar o melhor de si - como eu me sinto ao ver todos estes trabalhos fantásticos - acho que o nosso trabalho foi feito. Mais do que nunca, em frente! :)
terça-feira, 3 de abril de 2012
Referência: Juan Delcan
Este genial trabalho, La Verdad, me foi apresentado pelo amigo Ives Albuquerque. Não conheço muito sobre o Juan Delcan ainda mas já se tornou uma referência, principalmente em como realizar um trabalho de encomenda de forma tão autoral, pois esse foi feito a pedido de uma rede de televisão chilena.
Na verdade, penso que justamente por ele ser autoral é que foi encomendado. Não devemos fazer algo para "atender" um mercado (detesto essa expressão), mas sim fazer da maneira que desejamos, e logo isso se tornará "o" referencial pelo qual alguém procura um artista em específico - ou melhor, "o" artista. Vamos em frente :)
terça-feira, 27 de março de 2012
Referência: Universidade dos pés-descalços
Outro dia estava pensando que acabo só postando aqui minhas referências da própria área de cinema de animação que, claro, são as minhas bases, mas muitas vezes esquecemos que somos influenciados por tudo que passa por nós, e às vezes (muitas vezes!) algo muito interessante vem de onde menos esperamos - isto é, de fontes diferentes das que nos acostumamos a procurar.
Quando vi este vídeo me identifiquei profundamente: o autor coloca que todos tem capacidade extraordinárias, mesmo - e principalmente - executando as atividades mais simples que conseguimos imaginar. O conhecimento não deve ser elitizado e restrito à poucos, aliás, ele não é - todos, com o que sabem, podem fazer a diferença no que quer que façam, para construir algo melhor, seja o que for.
Hoje em dia, onde me vejo cada vez mais envolvido com cursos, oficinas, seminários e palestras (e extremamente feliz com isso), esses pensamentos povoam pulsando a minha cabeça.. Cada aluno traz um potencial enorme, uma pureza que muitas vezes se traduz em ideias geniais que muitas vezes ultrapassam pessoas com anos de experiência na área. Esta pureza, esta sede em começar algo novo, ou desenvolver algo à sua própria maneira, do jeito que se sabe - quem mexe com animação no Brasil sabe bem como é isso - é umas das coisas mais bacanas que consigo imaginar. A arte é algo que, cada dia percebo mais, se comunica diretamente com o coração. Vai do coração do artista diretamente ao coração daquele que contempla a obra. É uma transmissão direta, e que tende a continuar. Por isso, cada vez mais, penso eu, temos que devolver ao mundo aquilo que recebemos, dar a nossa contribuição ao meio que, de uma maneira ou de outra, nos formou. Hoje, no meio do cinema, isso pode se traduzir em compartilhar os trabalhos a todos que se interessem em todos os canais possíveis, dividir técnicas, métodos, macetes, processos, sobretudo pensamentos e ideias, e sem claro esquecer até as nossas mais secretas gambiarras. Acho que só temos a ganhar, e particularmente vejo que nada me dá mais satisfação do que alguém vir até mim falar de um trabalho que fiz que, de alguma forma, ajudou ou ajuda essa pessoa em algo. Isso é o melhor pagamento que existe. E ainda penso mais, como outro dia conversava com o Denis, meu irmão, penso que é essa a nossa função: sedimentar e dar as melhores bases possíveis para os que virão, assim como hoje temos as dos que vieram antes de nós. Diretamente, minhas referências, meus pais artísticos, que tanto dialogo e tanto me ensinam sempre. E esse círculo aumenta sempre, como falei no início, indo além da nossa área e se expandindo a todos aqueles que acreditam cegamente no que fazem e nos transmitem a sua empolgação. Poder um dia ser uma referência para alguém para mim seria a maior honra que eu poderia ter, infinitamente maior do que ganhar qualquer prêmio. Pois é a prova máxima que a coisa está evoulindo, crescendo, indo de coração a coração, sem intermediários.
Obrigado de coração à sempre querida Francimone Campos que me mostrou este vídeo, já sabendo que eu me identificaria tanto. Fran, ele não poderia ter chegado em melhor momento. Em frente! :D
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Referência: Theodore Ushev e o belíssimo "Nightingales in December"
Sensacional trabalho do grande animador Theodore Ushev, um cara cuja obra admiro demais. No blog dele ele fala que o filme surgiu de um convite sensacional: O Festival Du Nouveau Cinemá, do Canadá, o convidou para criar um filme seu, na comemoração do quadragésimo aniversário do festival. O filme abriu as exibições.
Um trabalho como este me emociona na medida que consegue, ao meu ver, ultrapassar e transcender todas as "questões" que tanto nos preocupam - narrativa, história, aspectos de produção, técnicas de animação, som etc - e ir muito, muito mais além, nos atingindo diretamente no coração. Tudo é criado de forma sincera, livre e, logo, magnífica, e tudo flui resultando num trabalho belíssimo. A sensação, o sentimento da obra, a sua energia, a sua vontade - é isso o que fica. É o que, no fim das contas, passamos a carregar conosco após vermos algo que nos identificamos. Aplaudo de pé e saúdo este que sem dúvida é um dos melhores curtas que já vi. Claro que eu poderia de toda forma dar ainda uma opinião mais técnica; que as imagens são fantásticas, que animação é primorosíssima, que a música é deslumbrante, a montagem precisa, o ritmo perfeito - e é tudo isso! - mas, como coloquei antes, acredito cada vez mais que as sensações são o que realmente ficam, e é o que prefiro fechar dizendo.
Obs.: Se a janelinha acima do vídeo rodar cortada, e se não puder expandir a janela do navegador, ou o filme não rodar, assista o filme diretamente no site do festival, neste link. Só não deixe de assistir! :D
Marcadores:
Animação Canadense,
Animação Experimental,
Cinema de Animação,
Inquietações,
Mestres,
Pequenas e saudáveis invejas,
Referências,
Reflexões,
Theodore Ushev
Assinar:
Postagens (Atom)