sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Referência: Sledgehammer



Não canso de assistir este videoclip do Peter Gabriel. Além da música ser incrível, o videoclip é inteiramente animado, e não apenas isso, mas conta com uma animação de primeiríssima linha, stop motion e pixilation conduzidos de forma genial.

Esta versão, além de restaurada, conta com os créditos completos de produção, algo raríssimo para este tipo de trabalho, e nele podemos ver nomes como Peter Lord e Nick Park, da Aardman, e dos Brothers Quay, que trabalharam como animadores. Fico imaginando esses caras inventando mil coisas na hora, tendo ideias e fazendo a coisa acontecer de forma incrível, tudo em cima do pobre Peter Gabriel, que reza a lenda é um cara super aberto a essas experimentações pros seus trabalhos.

Sou super suspeito pra falar das técnicas deste filme, pois o considero umas das minhas maiores referências. Boa parte da animação foi feita da forma table top, isto é, na truca - a câmera fica alta, apontada para baixo e na superfície plana da "mesa", onde a câmera está apontada, a ação acontece. Animaram de tudo: brinquedos, desenhos à giz, massa de modelar como tinta, objetos simples, frutas, verduras, peixes, frangos, cadeiras, escadas, mesas, televisores, além do próprio Peter Gabriel e mais dezenas de figurantes nessa salada animada incrível. Pra mim, essa é a essência da animação: o controle do caos. Ao mesmo tempo que mostramos a essência da vida, essa multiplicidade, a 'organizamos' e transformamos em arte, sublimamos, processamos e transformamos em algo belo, em algo interessante de se ver e que, de alguma forma, modifica algo que temos dentro, nos tornando melhores.

Detesto dar essa de saudosista mas, ainda mais do que ficar triste por não se fazerem mais materiais assim, me pergunto; porque não?? Essa ousadia, inventividade artística e qualidade técnica incrível, e ainda por cima feita há quase trinta anos atrás, numa era pré-digital, é muitíssimo melhor do que a maioria das coisas feitas hoje. Aliás, não só é, como continua. Hoje temos uma infinidade de recursos e possibilidades, mas praticamente ninguém os explora como poderia. Fica a minha empolgação ao ver e rever e rever e rever este material (que já vi seguramente centenas de vezes), a chateação por não termos mais quase nada nesse nível e a vontade de fazer meus trabalhos melhores e melhores com toda essa inspiração. Vamos em frente!

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