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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Referência - Joseph Pierce


Um dos filmes mais loucos que vi nos últimos tempos, The Pub, acima, é do animador inglês Joseph Pierce. Confesso que nada sei ainda sobre ele, além do incrível trabalho que tem, nessa mistura de rotoscopia e animação livre 2D louquíssima, mas já se torna uma referência. Conseguir retratar personalidade, estados de espíritos, fazer crítica social como neste trabalho, neste estilo tão forte e agressivo até, é incrível. Vi este trabalho em alguns festivais ano passado, e é difícil esquecer. Ele foi um dos premiados também no ANIMAGE 2012, e não é pra menos. Este com certeza deve ser um destes caras, animadores malucos como a gente, que encontramos por aí e com certeza dá pra trocar umas ideias bem legais.

The Pub from Joseph Pierce on Vimeo.

Ele disponibilizou o The Pub só há três dias atrás, e já não era sem tempo. Cada dia mais vejo mais gente de peso como ele colocando seus trabalhos online e dividindo com um público que não se compara a qualquer festival. Na verdade, vejo mais e mais que não vale ficar "escondendo" os trabalhos, não postando nada. Afinal, temos medo de quê? Tantos são os trabalhos - muitos deles obras primas - que chegam até nós assim, por que não compartilhar de volta com o resto do mundo um pouco do que recebemos? Ah, pra ser bem sincero, detesto esse negócio de ineditismo, de não colocar as coisas na net com "medo" de não entrar nos festivais, de não sei o que mais. Respeito os muitos colegas que assim preferem, mas, pra mim, sei que o meu caminho é esse: compartilhar trabalhos e dividir o pouco que sei com o máximo de pessoas possível, seja como for. É a sensação mais gratificante que se pode ter, acho eu. Melhor que prêmio, melhor que tapinha na costas, melhor que sorrisinho amarelo, é a sensação de que estamos fazendo algo de bom pra alguém, que o nosso trabalho pode ajudar a construir algo, que pode inspirar alguém a produzir, a criar, a fazer algo bacana. Esse é o melhor pagamento que posso imaginar receber.

O que era pra ser uma postagem sobre uma referência acabou virando (mais um) quase desabafo. Ah, paciência. Deu pra pegar o espírito, né? :)

Voltando ao Joseph Pierce, no canal dele no Vimeo tem mais coisas incríveis como os Stand Up e A Family Portrait:





E aqui neste link uma entrevista com o Joseph, que ainda não li também, mas que o farei já já.

E é isso, vamos em frente! ;)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Referência: Sledgehammer



Não canso de assistir este videoclip do Peter Gabriel. Além da música ser incrível, o videoclip é inteiramente animado, e não apenas isso, mas conta com uma animação de primeiríssima linha, stop motion e pixilation conduzidos de forma genial.

Esta versão, além de restaurada, conta com os créditos completos de produção, algo raríssimo para este tipo de trabalho, e nele podemos ver nomes como Peter Lord e Nick Park, da Aardman, e dos Brothers Quay, que trabalharam como animadores. Fico imaginando esses caras inventando mil coisas na hora, tendo ideias e fazendo a coisa acontecer de forma incrível, tudo em cima do pobre Peter Gabriel, que reza a lenda é um cara super aberto a essas experimentações pros seus trabalhos.

Sou super suspeito pra falar das técnicas deste filme, pois o considero umas das minhas maiores referências. Boa parte da animação foi feita da forma table top, isto é, na truca - a câmera fica alta, apontada para baixo e na superfície plana da "mesa", onde a câmera está apontada, a ação acontece. Animaram de tudo: brinquedos, desenhos à giz, massa de modelar como tinta, objetos simples, frutas, verduras, peixes, frangos, cadeiras, escadas, mesas, televisores, além do próprio Peter Gabriel e mais dezenas de figurantes nessa salada animada incrível. Pra mim, essa é a essência da animação: o controle do caos. Ao mesmo tempo que mostramos a essência da vida, essa multiplicidade, a 'organizamos' e transformamos em arte, sublimamos, processamos e transformamos em algo belo, em algo interessante de se ver e que, de alguma forma, modifica algo que temos dentro, nos tornando melhores.

Detesto dar essa de saudosista mas, ainda mais do que ficar triste por não se fazerem mais materiais assim, me pergunto; porque não?? Essa ousadia, inventividade artística e qualidade técnica incrível, e ainda por cima feita há quase trinta anos atrás, numa era pré-digital, é muitíssimo melhor do que a maioria das coisas feitas hoje. Aliás, não só é, como continua. Hoje temos uma infinidade de recursos e possibilidades, mas praticamente ninguém os explora como poderia. Fica a minha empolgação ao ver e rever e rever e rever este material (que já vi seguramente centenas de vezes), a chateação por não termos mais quase nada nesse nível e a vontade de fazer meus trabalhos melhores e melhores com toda essa inspiração. Vamos em frente!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Referência: Elizabeth Hobbs



Trabalho recente de Elizabeth Hobbs, animadora inglesa que há alguns anos já admiro e só recentemente seus trabalhos ganharam a internet com mais propriedade. Ela trabalha com uma técnica de pintura-no-tempo com aquarela, isto é, pinta e, com a tinta ainda úmida, fotografa, retira a tinta (que deixa sua marca no papel), repinta o próximo frame, fotografa novamente, e assim por diante. É algo bem mais complexo ainda de se fazer do que se parece, pois o trabalho deve ser muito rápido e preciso, além do que a própria qualidade "imprevisível" da aquarela torna tudo ainda mais desafiador. Uma vez conseguido, porém, os resultados são deslumbrantes, como a vinhetinha feita pela Srta. hobbs, acima.
Abaixo, um dos curtas mais conhecidos dela, "The Emperor", feito na mesma técnica.



Hoje a animadora tem o seu estúdio, Spellbound Animation, e produz trabalhos com uma economia de meios, por assim dizer, e ao mesmo com tanta energia e ritmo, numa "crueza"- isto é, liberdade e despretensão, até - que muito me identifico, como o curtinha abaixo, "Layman, Shaman, Daydreamin'".  Neste caso, feito de forma tão solta que vemos até as sujeiras do vidro onde foi pintado, oscilações de luz e outras coisas que jamais teriam passado por outros realizadores, mas que na abordagem livre dela tudo se torna parte indissociável do todo:



O trabalho abaixo ainda, "The Old, Old, Very Old Man" é ainda mais econômico e direto: narrativa seca - numa certa tradição do cinema de animação inglês - e realizado com tinta azul sobre um azulejo de banheiro branco. Vendo trabalhos como estes tenho cada vez mais certeza de que precisamos de cada vez menos para produzir trabalhos cada vez melhores.