Imagens dos bastidores de um novo projeto, um estudo de animação utilizando massa de modelar que, pra variar, se transformou num curta. Comecei há alguns meses atrás, trabalhando nas madrugadas adentro, produzindo de cinco a dez segundos por dia. Dei uma parada e agora peguei de volta, pra terminar esse danado.
A premissa básica, mais uma vez, é não ter premissa básica; apenas experimentar animando livremente na massinha de modelar. Uma das empolgações iniciais foi trabalhar em cima da abordagem da técnica da animadora polonesa Izabela Plucinska, que tive a honra de conhecer no festival Animage do ano passado, em Recife, onde participei de uma oficina com ela e tive acesso à maneira como ela faz seus filmes. Voltando pra Fortaleza, pensei em criar um trabalho dessa mesma forma: animando numa superfície plana, fotografando-se de cima e iluminando lateralmente, onde ficam bem visíveis a textura e volumes da massinha. Como em alguns trabalhos da Izabela, utilizei apenas uma cor de massa, no caso, o branco, e assim fica-se ainda mais visível a massa, sua materialidade. Com tudo isso em cena, conseguimos realmente ver a massa criar vida, e aí - da maneira como eu vejo - numa forma muito surreal, e assim dá gosto criar volumes, formas malucas e situações improváveis, e seguindo um fluxo de completo improviso: nunca sei exatamente o que vou criar no dia, e cada forma leva a outras e a outras e a outras... e por aí vai. Os grandes desafios são então o modelar / remodelar quadro a quadro, que pede realmente o ato de se esculpir tudo constantemente, e acaba sendo algo que poderíamos chamar de uma "pintura-no-tempo em três dimensões", e numa só cor no caso, e que exige do animador também fotograma a fotograma imaginar o que vem a seguir, mas de forma súbita, na hora. Em outras palavras, é uma delícia animar assim.
Este projeto também começou após o término de uma produção que, pra mim, foi realmente uma superprodução; o videoclipe Agradecimento (que breve breve postarei sobre ele no blog). Após finalizar algo grande assim, com equipe com várias especialidades e tudo, senti muita vontade de partir para um filme, digamos, pequeno, feito no meu estúdio em casa, sozinho, com apenas minha própria companhia animando nas madrugadas adentro, sem "responsabilidade" nenhuma, sem prazo, sem edital, sem grana, sem objetivos claros e ir de fato descobrindo o filme com o processo. Coisa que, claro, em maior ou menos grau, acontece com todo filme. E vamos em frente :)
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